No tempo da Reforma Protestante, Martinho Lutero
escreveu um livro intitulado “The Bondage of the Will” [O
Cativeiro da Vontade]. Este livro foi escrito contra um homem chamado
Erasmo e seus ensinos de que o homem tinha livre-arbítrio, isto é, a
capacidade de escolher se seria ou não salvo. Lutero disse a Erasmo que
esta questão sobre o livre-arbítrio era o assunto mais importante da
Reforma. Ele disse: “Você [Erasmo] não tem me importunado com assuntos
irrelevantes sobre o papado, purgatório, indulgências, e coisas
semelhantes, que são mais bagatelas do que assuntos ... você, e somente
você, tem visto a dobradiça sobre a qual tudo gira, e têm apontado para
o ponto vital.”
A despeito do que Lutero escreveu, o ensino de Erasmo
com respeito ao livre-arbítrio se tornou o ensino da maioria do
Protestantismo de hoje. O livre-arbítrio é:
(1) Uma negação da predestinação.
Predestinação significa que a vontade de Deus (a escolha de Deus)
determina todas as coisas, incluindo quem serão salvos (Efésios 1:3-6).
O livre-arbítrio ensina que a escolha do homem é o fator decisivo na
salvação.
(2) Uma negação da verdade bíblica da fé salvífica
como um dom de Deus (Efésios 2:8-10). O livre-arbítrio ensina que fé
é uma decisão da própria pessoa de confiar em Cristo.
(3) Uma negação da verdade que Cristo morreu
somente por seu povo (Mateus 1:21). O livre-arbítrio ensina que
Cristo morreu por todos sem exceção, e que a salvação deles depende
agora da aceitação que fazem de Cristo, isto é, de uma escolha do seu
próprio “livre-arbítrio”.
A crença no livre-arbítrio também é manifesta no tipo
de pregação e evangelismo que é mais popular hoje, o tipo que implora
para os pecadores aceitarem a Cristo, que usa a chamada ao altar, os
apelos, os momentos de decisão, o levantar de mãos, e outras táticas
semelhantes para persuadi-los a agirem assim. Todas estas coisas
pressupõem que a salvação de uma pessoa depende da sua própria escolha.
Cremos que a vontade do homem está cativa ao pecado e
que ele não somente não pode fazer o bem, mas nem mesmo pode desejar
(querer) fazê-lo (Romanos 8:7-8). Particularmente, ele não pode praticar
o maior de todos os bens, ou seja, escolher a Deus e a Cristo.
Cremos, portanto, que o homem não pode crer em
Cristo, a menos que isso lhe “seja dado do alto” (João 6:44).
Cremos também que não é a vontade do homem, mas sim a
vontade soberana e eterna de Deus (predestinação) que é o fator decisivo
na salvação (Atos 13:48; Filipenses 2:13).
Então, qual é o objetivo de pregar o evangelho? Ele é
“o poder de Deus para salvação” (Romanos 1:16), a maneira na qual Deus
dá fé e arrependimento a todos aqueles a quem ele escolheu desde a
eternidade, e remiu em Cristo. Que este poder seja para a salvação de
muitos!
Rev. Ronald Hanko
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