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sábado, 10 de março de 2012


Ministério Pastoral Feminino em Perspectiva I

 

A igreja ao longo dos séculos sempre esteve consciente de que as mulheres poderiam conhecer as Escrituras tão bem quanto os homens, algumas vezes até melhor do que eles, e que poderiam ser tão santas quanto eles, e algumas vezes bem mais do que eles. Mas a igreja sempre insistiu que a mulher, por mais erudita e santa, não deveria desempenhar uma função presbiteral na igreja, isto é, de acordo com o pressuposto da Teologia Bíblica, ela não poderia ser uma pastora. Este princípio foi posteriormente reafirmado pelos protestantes, especialmente na tradição reformada.
Contudo, em anos recentes, voltou-se a discutir o papel da mulher no âmbito da igreja e duas vertentes logo se estabeleceram como pressupostos do debate: a do condicionamento cultural, portanto variável e descritivo, e a teológica, portanto, supra-cultural e normativo.
Apesar de seu início tímido, o movimento engajado nessa discussão foi ganhando mais e mais força até que, a partir da década de 1970 e, especialmente na de 1990, as primeiras mulheres foram ordenadas ao ministério pastoral entre os metodistas, luteranos, anglicanos, presbiterianos unidos, presbiterianos independentes e batistas ligados à Convenção Batista Brasileira.
Aqueles que têm recorrido às mudanças nos padrões culturais como elemento regulador para que as mulheres ocupem a função de direção e pregação na igreja pressupõem que as mudanças sociais que elevaram as mulheres à posições jamais ocupadas seriam suficientes para legitimá-las em funções pastorais. Em 1987, o Conselho Mundial de Igrejas iniciou a Década Ecumênica de Solidariedade das Igrejas com as Mulheres. Com isso, ficou evidente que o movimento ecumênico estava consciente da importância do papel das mulheres no seio das comunidades cristãs.
Para o decênio 1988-1998, foram previstos os seguintes objetivos de uma nova caminhada:
1. Capacitar as mulheres para que se opusessem às estruturas opressoras que existiam na comunidade mundial, em seus países e em suas igrejas;
2. Afirmar as contribuições decisivas das mulheres em suas igrejas e comunidades, compartilhando o trabalho de direção e a tomada de decisões, a reflexão teológica e a espiritualidade;
3. Tornar conhecidas as perspectivas e ações das mulheres em esforços e luta pela justiça, a paz e a integridade da criação;
4. Capacitar as igrejas para que se libertassem do racismo, do sexismo e do classismo e para que abandonassem as práticas discriminatórias para com as mulheres;
5. Estimular as igrejas para que empreendessem atividades de solidariedade com outras mulheres.
Aquilo que numa primeira leitura poderia parecer apenas mais um capítulo da luta feminista, adquiriu outro caráter, quando se sabe que esses objetivos deveriam ser alcançados ao reunir os conhecimentos e as experiências de mulheres e homens de origens e atividades diversas. O apelo mais forte, todavia, seria para as pessoas ligadas à igreja, sobretudo às mulheres. Para o grupo, devia-se considerar que Deus fez homem e mulher em iguais condições e ambos foram convidados a zelar eficazmente pela obra da criação. Dessa forma, não se poderia conceber a submissão da mulher ao homem, o que poderia ser explicado apenas por causa da influência grega a respeito do dualismo entre corpo e espírito, que tanto influenciou a cristandade primitiva. Tal concepção privilegiava a alma, em detrimento do corpo e das atividades a ele relacionadas; assim, a mulher, que pertencia ao mundo físico, era inferior ao homem, que se ligava ao plano espiritual.
Mesmo hoje, com o passar dos anos, a fundamentação teórica para o ministério pastoral feminino continua sendo de caráter cultural, uma vez que as alegações são: “hoje, a mulher sai para trabalhar”; “hoje, a mulher obteve seu espaço”; “hoje, a mulher sustenta famílias inteiras”; “hoje, a mulher é CEO em multinacionais”.


Postado pelo Pastor Paulo César Valle
Blog: http://www.ibfreformada.blogspot.com
                                                              

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